Soldado da PMDF vítima de ataques homofóbicos por beijo gay em formatura volta ao trabalho após oito meses

O soldado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Henrique Harrison Costa, criticado por publicar uma foto beijando o companheiro durante a formatura em 2020, voltou ao trabalho nesta segunda-feira (22), depois de oito meses afastado. Ele estava de licença médica para tratar um quadro de depressão e ansiedade, causadas, segundo o médico, pela reação de outros policiais após o beijo no parceiro durante a formatura como militar.

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Henrique contou que ainda teria mais 60 dias de atestado. No entanto, a junta médica da PMDF determinou que ele retornasse às atividades. O soldado foi transferido para a área administrativa da corporação onde deve se apresentar “neste primeiro momento”, segundo a PM.

“Baseando-se no relatório médico do psiquiatra do soldado Henrique Harrison, os médicos da corporação chegaram à conclusão que o referido policial possui condições de executar serviços administrativos, desta forma não acarretando prejuízos ao andamento de seu tratamento de depressão e ansiedade”, diz nota da PMDF.

O médico que acompanha Henrique Harrison colocou algumas restrições para o retorno dele, quanto ao uso de farda e arma de fogo. Segundo ele, “ainda há bastante medo”, com relação às reações dos colegas, mas as conversas com o psiquiatra e o psicólogo “já traziam uma possibilidade de retornar ao trabalho por estar bem melhor”.

Beijo gay em formatura de PMs causa polêmica no DF — Foto: Arquivo pessoal

Beijo gay em formatura de PMs causa polêmica no DF — Foto: Arquivo pessoal

Mensagens preconceituosas

Em 11 de janeiro do ano passado, PMs homossexuais publicaram, nas redes sociais, uma foto beijando os companheiros, na formatura de novos soldados. A imagem causou polêmica e provocou uma série de comentários preconceituosos.

Um deles foi do primeiro-sargento Astrogilson Alves de Freitas. Em áudio, ele proferiu diversas ofensas homofóbicas e até ameaças. Disse que “o cara que é viado [sic] tem que ficar no lugar dele”.

Em outro trecho, afirmou: “Em uma guarnição minha, um cara desses não entra. Se entrar, já ouviu falar em fogo amigo? Vocês conhecem fogo amigo, né? Fogo amigo não é só atirar nos outros não, tem muito jeito de a gente…nós tomos já fomos plotados, nós todos já fomos sancionados durante a carreira aí”.

“A gente pode até ficar calado, mas tem outro jeito de sancionar esse tipo de situação, falou?”, diz o primeiro-sargento Astrogilson Alves de Freitas na gravação.

A Justiça do Distrito Federal condenou Freitas a pagar R$ 5 mil de indenização ao colega Henrique Harrison da Costa, por conta de ofensas e ameaças homofóbicas. A decisão, de primeira instância, foi publicada em setembro, e ainda cabe recurso.

Outras 11 pessoas são rés em outro processo criminal na Justiça, também por conta de comentários homofóbicos sobre o caso.

by: Lucas Santana

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