Estudantes da UnB protestam pela diminuição do preço do Restaurante Universitário

Por Gabriel de Sousa
redacao@grupojbr.com

O preço do almoço e do jantar ofertados no Restaurante Universitário (RU) da Universidade de Brasília (UnB) provocou a realização de uma manifestação por parte dos estudantes, que alegam que as tarifas são inacessíveis para os universitários de baixa renda. O valor das refeições é de R$ 6,10 por prato, e sofreu dois reajustes em quatro anos.

Ontem, por volta das 12:30, quando a maioria dos estudantes estavam indo almoçar, dezenas de manifestantes ocuparam a área interna do Restaurante Universitário da UnB, com cartazes que pediam pela diminuição do valor das refeições, e alegando que o preço atual é “um roubo” para os consumidores.

Outros universitários, do movimento estudantil Correnteza, que organizaram o ato juntamente com o Diretório Central dos Estudantes (DCE/UnB), colocaram um banner na parede externa do primeiro andar do prédio, onde estava escrito: “Chega de lucrar com a nossa fome! Abaixa o preço do RU”.

Em julho de 2018, a refeição, que custava R$ 2,50, passou a valer R$ 5,20, o que representou um aumento de 108% nas tarifas para os estudantes. O outro aumento, noticiado em primeira mão pelo JBr, ocorreu em setembro de 2021, quando o valor foi reajustado para os atuais R$ 6,10, elevando em 17% o custo do prato.

Quando os preços foram alterados no ano passado, as aulas presenciais na instituição ainda estavam paralisadas por conta da pandemia de covid-19, e a diferença nos preços só foi percebida inicialmente pelos universitários após acessarem o site oficial do Restaurante. Tal fato é criticado pelos movimentos estudantis, que alegam que não houveram diálogos por parte da administração superior antes do novo reajuste.

Mais de sete mil estudantes apoiam redução dos preços

Desde o início do semestre atual da UnB, que é o primeiro semestre feito de forma presencial após dois anos de aulas virtuais por conta da pandemia, está sendo organizado um abaixo-assinado, organizado pelo Movimento Correnteza e pelo Centro Acadêmico de Filosofia (CAFIL), que deseja recolher assinaturas para exigir uma diminuição dos preços das refeições por parte da Reitoria.

Hoje, o abaixo-assinado já teve a adesão de mais de sete mil estudantes, que se declararam favoráveis à diminuição dos preços das refeições. A meta dos coletivos acadêmicos é que o levante chegue a toda a comunidade da UnB, que em 2020 foi estimado em mais de 49 mil alunos de graduação e pós-graduação.

Um dos organizadores do abaixo-assinado e da manifestação que ocorreu ontem no Restaurante Universitário é Edson Victor, estudante de filosofia e membro do Correnteza, que disse que o protesto estava sendo organizado há dois meses, desde o início do semestre atual da universidade. “A gente realizou dezenas de reuniões, passagens em sala, panfletagem, divulgamos nos quatro campi o que iria acontecer e fizemos reuniões amplas para poder organizar este ato”, explica.

Segundo Edson, o preço das refeições não é compatível com a realidade dos estudantes universitários, que segundo ele, estão distantes da realidade dos professores da UnB. O universitário afirma que as manifestações irão continuar a ser feitas caso a administração superior não altere os preços, que já estão em vigor há quase um ano.

“Com a gente pressionando, estando atuando coletivamente e construindo um ato e mostrando a nossa indignação, a Reitoria verá a necessidade de fazer isso, porque se não fizer hoje, vai ter outro ato, e vai ter no dia seguinte, na semana seguinte, até que seja reduzido o preço do RU”, afirma o líder estudantil.

UnB ressalta que assiste estudantes de baixa renda

Em uma nota exclusiva enviada para a equipe de reportagem do Jornal de Brasília, a UnB informou que os preços do Restaurante Universitário foram definidos por meio de um processo licitatório da empresa ISM Alimentação, que é a empresa que gerencia o RU. Segundo a instituição, os aumentos não foram provocados diretamente pela instituição.

De acordo com a UnB, os estudantes de baixa renda se incluem em um grupo prioritário de consumidores que não pagam pelas refeições, recebendo uma isenção de 100%. Segundo um balanço feito pela instituição para o JBr, atualmente, 9.924 universitários não precisam pagar pelos pratos.

“Mesmo em um cenário de frequentes cortes orçamentários e inflação elevada dos alimentos, a Universidade de Brasília orienta suas ações priorizando suas atividades fim: ensino, pesquisa, extensão e o apoio aos seus estudantes”, concluiu a instituição em seu pronunciamento oficial.

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