A “Turma da Mônica” lança em 25 de outubro o livro “Nosso Amigo com Nanismo”. A data foi escolhida por marcar o Dia Nacional do Combate ao Preconceito às Pessoas com Nanismo.
O novo personagem é inspirado em um menino real, Bernardo, 8, de Caxias do Sul (RS), que tem acondroplasia, a forma mais comum de nanismo. Estima-se que, a cada 25 mil nascimentos, uma criança nasça com a síndrome genética, que afeta o crescimento normal dos ossos, resultando em um indivíduo cuja altura é muito menor que a média de toda a população.
O livro conta a história do garoto no seu primeiro dia de aula na Escola Limoeiro, onde estudam Mônica, Cebolinha, Magali, Cascão e outros personagens da turminha. Assim que chegam à sala de aula e encontram Bernardo, todos começam a questionar sua baixa estatura. A partir daí, ele conta sua história, fala sobre as dificuldades das pessoas com nanismo e mostra que somente o conhecimento e a informação podem tornar a sociedade mais inclusiva.
A mãe de Bernardo, Flávia Berti Hoffmann, acredita que a inserção do personagem no universo da “Turma da Mônica” fará uma grande diferença para todas as pessoas que têm nanismo.
“Temos que nos esforçar para mostrar para a sociedade que as pessoas com nanismo têm o direito de viver uma vida normal, e que o papel de todos é contribuir para que isso ocorra de uma maneira natural, sem preconceito. Então, a ‘Turma da Mônica’ levar conhecimento às crianças é um sonho realizado”, afirma.
Ela diz que o livro não foi motivado por nenhum episódio de bullying sofrido por Bernardo, mas pensado como uma maneira de conscientizar outras pessoas sobre o nanismo, começando pelas crianças. “O Bernardo é bem-resolvido. Escolhemos para ele uma escola inclusiva, com outras crianças com deficiência, sempre foi bem acolhido.”
Preconceito Nanismo é como popularmente é conhecida a deficiência de crescimento, uma comorbidade decorrente de osteocondrodisplasias (displasias esqueléticas) ou alterações na produção do hormônio de crescimento, que resulta em uma pessoa com baixa estatura. Um indivíduo com nanismo alcança uma estatura de 70 cm a 1,40 m, dependendo da condição que o afeta.
Hoffmann conta que apenas na trigésima semana de gestação foram observados alguns atrasos no crescimento dos ossos de Bernardo, mas os médicos ainda não podiam fechar um diagnóstico. Não havia nenhum caso em ambas famílias. “Na hora, ficamos muito abalados, começamos a pesquisar sobre o assunto na internet e tudo parecia muito negativo.”
Com dois meses de vida, por meio de um exame genético, foi confirmado o nanismo. Mas Bernardo teve um bom desenvolvimento. “A fisioterapia foi essencial.”
Para Juliana Yamin, presidente do INN (Instituto Nacional de Nanismo), a iniciativa da “Turma da Mônica” é fundamental e colabora com um forte desejo da comunidade, o de tentar construir uma nova geração de pessoas com nanismo mudando a mentalidade dos pais.
“Antigamente, quem tinha uma criança com deficiência não saía de casa. Assim, o preconceito que está dentro de casa vai para a sociedade. Buscamos o empoderamento dos pais sobre a capacidade de seus filhos de lidarem com as situações e o preconceito ao longo da vida.”
Nesse sentido, ela afirma que poder contar com um personagem que trabalha o lúdico e também fala de conscientização é um grande ganho. “A informação é a maior arma contra o preconceito, que é aceito e arraigado há muitas gerações.”
A ativista tem um filho com nanismo, Gabriel Yamin, 15, que lidera o Movimento Somos Todos Gigantes. “Sempre o ensinamos a lidar com os olhares. De modo geral, a sociedade tem muita empatia com a criança e o adolescente com nanismo, mas os adultos reclamam demais do que precisam enfrentar diariamente.”
Ela diz que recebe relatos frequentes de adultos com nanismo que foram filmados ou fotografados sem autorização e tiveram suas imagens atreladas a memes na internet. “Manter-se mentalmente saudável é muito difícil. Por isso, várias pessoas se escondem, o que dificulta a obtenção de dados para um censo, por exemplo.”
5º ENCONTRO NACIONAL DE NANISMO
O Instituto Nacional de Nanismo realiza entre os dias 21 e 23 de outubro, no parque Beto Carrero World (Penha, Santa Catarina), um encontro que deve reunir mais de 300 pessoas com nanismo de todas as regiões.
Para Juliana Yamin, é a chance de conectar as famílias, mostrar para as crianças que elas não são as únicas com as características, conversar com adultos, discutir o que é necessário fazer pela comunidade. “Encontrar é para nós uma palavra tão valiosa, porque é tão raro encontrar pessoas com as mesmas características ou famílias que vivam as mesmas realidades.”