GDF investe em capacitação de profissionais

Mesmo com 10 milhões de brasileiros procurando emprego, um dos grandes desafios das empresas, hoje, no país, é encontrar mão de obra qualificada. Divulgado em agosto, um estudo da Associação das Empresas de Tecnologia mostra que, só este ano, o Brasil vai precisar de cerca de 132 mil profissionais para o setor de tecnologia, por exemplo. E mais 540 mil até 2025.

Mas não para por ai. Conforme o que indica a Indústria no Distrito Federal está com falta de mão de obra qualificada para preencher vagas de emprego no setor manufatureiro. É o que indica o Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, coordenado pelo Observatório Nacional da Indústria, que estabeleceu a missão de qualificar, até 2025, mais de 100 mil profissionais no setor industrial. No parâmetro brasileiro, a demanda é de aproximadamente 9,6 milhões de pessoas.

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), as ocupações industriais são aquelas que requerem conhecimentos da produção industrial, mas que também estão presentes em outros setores da economia. De acordo com o levantamento, a expectativa é que sejam habilitadas cerca de 25 mil pessoas em formações iniciais e outras 75 mil em formações continuadas, para que haja o aprimoramento de habilidades, conhecimentos e competências dos profissionais.

Conforme traz o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), braço da CNI, a demanda no DF por formação industrial será para a qualificação, para a área técnica e para a capacitação em nível superior. As maiores necessidades são nas áreas da Tecnologia da Informação – em crescimento, considerada uma das profissões do futuro –, Construção Civil, Logística e Transporte, e Metalomecânica – ramo da metalurgia.

Há ainda as chamadas ocupações transversais, isto é, as que permitem que o trabalhador articule com diferentes áreas técnicas e de conhecimento, como as posições com temáticas de Segurança do Trabalho, Apoio em Pesquisa e Desenvolvimento, e Metrologia – ramo que analisa as medidas necessárias para a completude de um projeto específico, além de apontar erros no processo de produção ou construção.

Investimento em capacitação

De olho no reaquecimento da economia, atestado em recente pesquisa da Codeplan e do Dieese, o Governo do Distrito Federal investe na formação de mão de obra qualificada, preparada para conquistar uma colocação no mercado. O levantamento registrou queda de 2,5 pontos percentuais na taxa de desemprego entre março de 2021 e de 2022, além da absorção de 40 mil pessoas no mercado de trabalho, entre outros indicadores.

Perante a perspectiva de capacitar mais trabalhadores, a Secretaria do Trabalho criou dois programas direcionados a ensinar um ofício a quem procura o primeiro emprego ou para quem quer voltar a ter a “carteira assinada”.

Lançado em agosto de 2021, o RenovaDF incentiva a formação profissional ao mesmo tempo em que recupera equipamentos e espaços públicos. Até maio, pelo programa já haviam passado 4.432 pessoas, que concluíram a formação com aulas práticas. Mais 3,5 mil pessoas se inscreveram para o quinto ciclo do curso, que iniciou em abril deste ano. Os alunos recebem auxílio no valor de 1 salário mínimo, além de vale-transporte e seguro contra acidentes pessoais. O ciclo aborda técnicas de alvenaria, carpintaria, elétrica, hidráulica, jardinagem, paisagismo, pintura, serralheria e segurança no ambiente de trabalho.

De acordo com Thales Mendes Ferreira, secretário do Trabalho, o governo tem contribuído com o reaquecimento econômico, principalmente, com a criação do ambiente favorável para que as pessoas possam investir e acreditar no próprio negócio. “Também se destaca a grande frente de qualificação profissional promovida nos últimos anos e o pacote de obras por todo o DF que estimula o emprego direta e indiretamente”, avalia.

Já o programa Qualifica DF, lançado em agosto de 2020, oferece gratuitamente cursos profissionalizantes. Em 2022, a proposta é alcançar 24 mil vagas para quem busca aprender um ofício. Hoje, 12 mil alunos fazem cursos nas áreas de agronegócio, comércio, serviços, saúde e informática e outras 45 ocupações. A escolha pelas profissões para capacitação foi feita a partir de uma análise da pasta em relação às vagas que mais aparecem no banco de intermediação das 14 agências do trabalhador.

Impacto

Também voltada para a retomada da economia, sinalizada pela entrada de 40 mil pessoas no mercado de trabalho, a rede de agências do trabalhador da capital é um importante instrumento para quem está atrás de emprego. É nesse espaço que empresas dos mais variados segmentos buscam mão de obra para seus quadros de pessoal. Em 2021, as 14 unidades colocaram 16.212 vagas à disposição dos candidatos a um posto de trabalho. Neste ano, entre janeiro e março, foram oferecidas 3.181 oportunidades.

“Foram anos muito duros, eu não conseguia emprego de jeito nenhum. Depois, meu esposo ficou sem trabalho também e aí quase não dava pra comprar o básico”, lembra Joelma Alves, de 39 anos, que foi contratada como operadora de teleatendimento, em fevereiro deste ano, após cinco anos desempregada. Segundo ela, que é mãe de quatro filhos, foi um período difícil.

Seu contexto mudou quando ela foi à agência do trabalhador no Sol Nascente. “Me trataram superbem. Me mostraram que daria, sim, pra mudar de situação. No mesmo dia, me chamaram para uma entrevista. Fiz o processo e fui selecionada. Fiquei feliz demais, foi uma festa aqui em casa”, relembra Joelma.

Conforme pontua a gerente da agência do trabalhador da Estrutural, Betânia Vaz, oportunizar esses candidatos faz parte do trabalho. Além da indicação para vagas, conforme o perfil do interessado, há sugestões de capacitações e incentivos para continuar na busca. “Sempre falamos aos candidatos para voltar e nos dar o feedback da seleção, mesmo se não conseguir. Então, queremos saber se deu certo, para ficar feliz junto. Se não deu, tudo bem, tem que continuar tentando”, diz Betânia.

Tecnologia é a principal área

No Distrito Federal há 12.700 CNPJ’s em empresas na área de tecnologia da informação vinculadas so SINDESEI-DF, de acordo com dados divulgados em setembro pela Receita Federal, e 41.773 empregos diretos e mais de 20.000 indiretos, de janeiro de 2020 a julho de 2022, de acordo com o Ministério do Trabalho. Todos esses dados foram mapeados pela ‘Plataforma de Inteligência – Mapa do Comércio”, da Fecomercio-DF.

Com o avanço da transformação digital nas empresas e o avanço no desenvolvimento de diversas tecnologias, cresceu a demanda por profissionais de Tecnologia da Informação (TI) no Brasil. Outros fatores que colaboraram para esse cenário foi o crescimento do e-commerce e da adoção do modelo de trabalho home office durante o período da pandemia.

Os principais desafios na hora de selecionar os candidatos é a falta de preparo e conhecimento técnico na área. Isso se deve ao fato de a velocidade de abertura de novas vagas em TI ser maior do que as instituições de ensino conseguem formar novos profissionais.

De acordo com uma pesquisa da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom), houve um aumento de 14,4% na oferta de emprego na área de TI em 2021. Em contrapartida, um outro estudo da organização estima que o déficit de profissionais de TI deverá chegar a 797 mil profissionais até 2025.

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