Novas medidas de segurança para evitar a influenza aviária no DF foram publicadas pela Secretaria da Agricultura (Seagri). Entre as ações imediatas citadas na Portaria nº 17, publicada no Diário Oficial do DF desta sexta-feira (17), estão a proibição, por no mínimo 90 dias, de eventos que envolvam aves, além da recomendação do fechamento de piquetes que servem de criadouros para esses animais.
“Impedir o contato de aves criadas em granjas com aves silvestres é uma das formas de conter a disseminação da doença”, alerta a subsecretária de Defesa Agropecuária da Seagri, Danielle Araújo. Recentemente, foram identificados casos de influenza aviária de alta patogenicidade em diversos países da América do Sul, alguns dos quais fazem fronteira com o Brasil.
Quando presente, a influenza dissemina-se de forma muito rápida, ocasionando a morte das aves e prejuízos para produtores e para a economia. “O Brasil hoje ocupa o status de maior exportador de carne de frango do mundo, e no Distrito Federal a avicultura é bastante expressiva”, pontua Danielle. “Mais de 70% do que é produzido no DF é exportado para outros países, o que mostra a importância dessa cadeia produtiva para a economia local”.
Com a publicação da portaria, aves que participaram de eventos agropecuários em outros estados ficam impedidas de retornar ao DF. “Essas medidas são fundamentais neste momento para prevenir a entrada do vírus da influenza aviária no nosso território”, atenta a subsecretária. Além das medidas publicadas, a Seagri vem adotando uma série de ações para garantir a sanidade das aves do DF. A Defesa Agropecuária mantém um cadastro de propriedades rurais e de aves alojadas no DF, e executa vigilância constante nessas propriedades.
Vigilância
Somado às ações rotineiras nas propriedades rurais, a Seagri iniciou em 2022 uma vigilância ativa com sorologia nas granjas de aves tecnificadas, iniciativa que, este ano, contemplará as granjas não tecnificadas.
Na criação tecnificada se busca melhorar o desempenho das aves via melhoria das linhagens ou raças utilizadas, melhoria na alimentação, no manejo e nos cuidados sanitários para uma produção sistematizada e contínua, com a qualidade necessária para o abastecimento dos canais de comercialização, obedecendo toda a legislação sobre comercialização de alimentos de origem animal.
“O foco serão as propriedades que possuem fontes de água que podem servir de pouso a alguma ave”, explica a gerente de Saúde Animal da Seagri, Janaína Licurgo. “Não temos ave migratória que venha de outro país para cá, mas temos rotas nacionais de aves que precisam ser monitoradas”.
O inquérito sorológico nas granjas de aves tecnificadas já foi concluído, tendo sido as amostras encaminhadas para exames de laboratório. “Até o momento, mais de 70% das análises já foram processadas, e os resultados são todos negativos para influenza aviária e NewCastle, duas doenças importantes no plantel”, esclarece Janaína. Segundo a gestora, um plano local de controle da influenza já foi elaborado para o caso de ocorrência da doença. “A Defesa Agropecuária da Seagri tem um corpo técnico qualificado, inclusive com capacitação internacional, e todo o material necessário para atender situações de suspeita da doença e casos de emergência veterinária”, detalha.
Para que a doença não chegue ao DF e o plano de emergência sanitária funcione, é fundamental a participação dos criadores de aves, lembra a subsecretária. “Quem cria aves deve manter seu cadastro atualizado na Defesa Agropecuária, para que o órgão saiba exatamente o tamanho do plantel que precisa atender, norteando esse plano”, afirma Danielle Araújo. “O produtor também precisa notificar imediatamente à Defesa Agropecuária qualquer suspeita de doença nas aves”.
Medidas preventivas
Entre os sinais clínicos a serem comunicados ao Serviço de Defesa Agropecuária destacam-se alta mortalidade, anormalidades respiratórias ou sinais nervosos de alteração nas aves. “Esses sinais precisam ser comunicados assim que percebidos, inclusive nas criações de subsistências – isso porque, no caso da influenza aviária, qualquer tempo perdido pode gerar um estrago muito grande, pois a disseminação da doença é muito rápida”, ressalta Janaína Licurgo.
Outro cuidado que o produtor deve ter é com as aves que adquire para seu plantel. “Fala-se muito em galinhas e aves migratórias, mas temos no DF propriedades com criação de aves ornamentais, com trânsito intenso para diversos locais, o que representa um risco sanitário”, atenta a gerente de Saúde Animal.
O alerta é para que as pessoas não tragam, em hipótese alguma, animais de outras regiões, especialmente de fronteiras com países que tenham casos de influenza aviária, sem a Guia de Trânsito Animal (GTA). “GTA, atestados sanitários, todas as vacinações exigidas e avaliação da sanidade das aves por um veterinário são fundamentais no transporte de aves”, orienta Janaína. “Sem esses cuidados, o risco é grande de trazer um animal doente e provocar um prejuízo imenso para o país”.