A Faixa de Gaza foi cenário de ataques aéreos de Israel e de intensos combates nesta segunda-feira (11), depois das ameaças do movimento islamista palestino Hamas, que afirmou no domingo que nenhum dos reféns mantidos no território palestino sairá “vivo” se não forem cumpridas suas “exigências”.

Durante a noite de domingo e madrugada de segunda-feira, um correspondente da AFP relatou ataques aéreos potentes na cidade de Khan Yunis, novo epicentro da guerra localizado no extremo sul da Faixa de Gaza.

A Jihad Islâmica, segundo maior movimento islamista armado em Gaza, anunciou combates violentos em uma área da cidade de Gaza onde afirma que um dos seus combatentes explodiu uma casa na qual soldados israelenses procuravam a entrada de um túnel subterrâneo.

O Exército israelense informou que foguetes foram lançados a partir de Gaza e citou “combates violentos” no domingo em bairros da Cidade de Gaza e em Khan Yunis, onde combatentes palestinos “emergiram de túneis, possuíam explosivos e usaram lança-foguetes”.

“Não quero dizer que utilizamos todas as nossas forças, mas sim uma força significativa e estamos alcançando resultados significativos”, declaro o comandante do Exército israelense, Herzi Halevi.

O Exército de Israel informou nesta segunda-feira que 101 soldados morreram desde o início da ofensiva terrestre na Faixa de Gaza.

“Rendam-se agora”

As autoridades israelenses reiteraram que vão intensificar os combates, apesar de o balanço de mortos continuar aumentando em Gaza, onde, segundo os últimos números do Ministério da Saúde do Hamas, morreram pelo menos 17.997 pessoas, a maioria mulheres e menores.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu, neste domingo, que os combatentes do Hamas deponham as armas, e afirmou que foram registradas muitas rendições nos últimos dias, que anunciam “o início do fim” do movimento islamista palestino.

“Deponham as armas e se entreguem a nossos soldados heroicos. Isso levará tempo. A guerra vai continuar, mas é o começo do fim do Hamas”, disse Netanyahu, citado em um comunicado.

“Digo aos terroristas do Hamas: acabou, rendam-se agora”, afirmou.

Israel prometeu erradicar o Hamas após os ataques sem precedentes de 7 de outubro, quando os combatentes do grupo cruzaram a fronteira e mataram cerca de 1.200 pessoas e sequestraram cerca de 240, segundo as autoridades israelenses.

Cerca de 137 reféns permanecem em Gaza, informou Israel no sábado.

O Hamas garantiu, neste domingo, que nenhum deles sairá “vivo” de Gaza “sem uma troca e uma negociação, e sem cumprir as exigências” do movimento islamista, que governa o território palestino.

O Catar, principal mediador entre as partes, assegurou que os esforços por um novo cessar-fogo e mais libertações de reféns “continuam”, mas advertiu que os bombardeios israelenses estão “reduzindo” as possibilidades.

“Impacto ‘catastrófico”

A Assembleia Geral da ONU anunciou no domingo que organizará na terça-feira uma reunião especial sobre Gaza, exigida pelos representantes da Organização para a Cooperação Islâmica e o grupo árabe.

Segundo fontes diplomáticas, a reunião pode divulgar uma declaração escrita. O projeto de texto, ao qual a AFP teve acesso, retoma em grande parte a resolução que pede um cessar-fogo e que foi vetada na sexta-feira pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que “a situação evolui rapidamente para uma catástrofe” que poderia ter consequências “irreversíveis para os palestinos” e para a região.

A intensificação dos combates terrestres e dos ataques aéreos em Gaza suscita receios crescentes na população civil, que tenta desesperadamente se proteger.

Quase 1,9 milhão dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza deixaram suas casas, quase um milhão deles crianças, segundo a agência da ONU para a infância.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que “o impacto do conflito na saúde é catastrófico” e advertiu que o sistema de saúde está “de joelhos e colapsando”.

Na Cidade de Gaza (norte), pelo menos 30.000 pessoas buscavam abrigo em tendas improvisadas entre as paredes derrubadas do hospital Al Shifa, que parou de funcionar e foi parcialmente destruído após um ataque israelense em novembro.

Lá, um jornalista de AFP falou neste domingo com pessoas que afirmam carecer de tudo, de leite infantil a lonas para proteção da chuva e do frio.

“Nossa vida se transformou num inferno. Não há eletricidade, nem água, nem farinha, nem pão, nem remédios para as crianças, que estão todas doentes”, explicou Mohammed Dalul, que chegou ao centro de saúde com sua mulher e seus três filhos.

Grande parte dos deslocados, impedidos de deixar o território, fugiram para o sul, transformando a cidade de Rafah em um grande acampamento.

Ataques na Síria

Durante a noite de domingo e madrugada de segunda-feira, a Força Aérea de Israel efetuou ataques em diversas áreas dos subúrbios de Damasco, anunciou a agência estatal síria de notícias Sana.

“Por volta das 23H05 (…) o inimigo israelense executou um ataque aéreo (…) direcionado contra diferentes pontos ao redor de Damasco”, afirmou uma fonte das forças de segurança à agência

Um correspondente da AFP ouviu explosões mais prolongadas do que o habitual nos subúrbios de Damasco, alvo de vários ataques que as autoridades sírias atribuem ao Exército israelense, que não comentou a informação.

 

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