Após denúncia de falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) no hospital de campanha do Estádio Mané Garrincha, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Conselho de Saúde do Distrito Federal e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF fizeram uma vistoria no local, nesta terça-feira (26).
O espaço foi construído para o tratamento de pacientes com Covid-19. No entanto, profissionais que atuaram no local durante o fim de semana relataram dificuldades para conseguir equipamentos de proteção.
A Secretaria de Saúde nega problemas e afirma que o hospital “entrou em funcionamento na última sexta-feira (22) e está sendo ativado por etapas, conforme cronograma preestabelecido no edital”
Resultado da vistoria
Nesta terça, durante a vistoria, o Sindicato dos Enfermeiros do DF encontrou EPIs no local. No entanto, a entidade apontou outros problemas, como a falta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Segundo a presidente do Sindenfermeiro-DF, Dayse Amarillo, só estão sendo usados os leitos de Unidade de Suporte Avançado. “Eles estão veiculando como se fosse unidade de UTI. São 20 leitos, com 18 pacientes, mas é preciso deixar claro que não são leitos de UTI e não podem ser credenciados como tal”.
Dayse afirma que os leitos não estão equipados para hemodiálise, com bombas para respiradores ou suportes para especialidades médicas. No entanto, ela elogiou o fluxo de entrada, saída e permanência dos pacientes.
“A comunicação e o trajeto dos servidores está muito bom”, afirma.
O deputado Fábio Félix (Psol), da comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF, também esteve na vistoria e disse que o hospital tem as condições adequadas para atender a população, “tendo em vista que é um hospital de campanha, um hospital provisório”.
“A fragilidade é que ele está ainda em estruturação e não tem todos os equipamentos necessários para o atendimento”, disse.
O deputado afirma ainda que os gastos para instalação da unidade precisam ser avaliados. “Ainda não conseguimos analisar as questões contratuais, se os custos do hospital são justos. Isso é algo que vamos analisar a partir da leitura do contrato”, afirmou.
Transferência do Hran
Uma observação feita pelos participantes da vistoria foi a regulação de que somente pacientes do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) sejam transferidos para o Mané Garrincha. Para o grupo, infectados internados em outras unidades também deveriam ser atendidos no local.
“Temos uma preocupação de que os hospitais regionais possam ser desafogados também”.
Na semana passada, o governador Ibaneis Rocha anunciou a construção de um hospital de Campanha em Ceilândia. Segundo ele, 60 leitos serão construídos para pacientes com a Covid-19. Ainda de acordo com o chefe do Executivo local, após o período de pandemia, o hospital será transformado em uma unidade materno-infantil.
Secretaria de Saúde
Confira posicionamento da Secretaria de Saúde sobre os pontos levantados:
“A Secretaria de Saúde esclarece que o Hospital de Campanha do Estádio Nacional Mané Garrincha entrou em funcionamento na última sexta-feira, 22 e está sendo ativado por etapas, conforme cronograma preestabelecido no edital.
Hoje, já conta com 111 leitos de enfermaria em funcionamento, dos 173 previstos, todos equipados para este perfil de pacientes.
Os primeiros foram encaminhados do HRAN na sexta-feira, 22, à tarde e este fluxo está ocorrendo conforme a necessidade da rede referenciada.
Dos 20 pacientes enviados, já ocorreram duas altas e uma transferência para a UPA do Núcleo Bandeirante.
A pasta informa que o contrato com a empresa prevê a contratação dos profissionais de saúde que irão atuar nesta unidade e que todos os equipamentos lá utilizados passarão ao patrimônio da secretaria ao fim do contrato.”