A brasiliense Talita Beda, de 33 anos, sempre sonhou em ser modelo, mas, por não ter o corpo magro “padrão das passarelas”, achava que não teria espaço no mundo da moda. No entanto, ela não só descobriu que era possível realizar o desejo, como também foi escolhida para representar o Distrito Federal no Concurso Miss Continente Brasil Plus Size.
Esta é a segunda edição do concurso, que ocorre de 4 a 7 de novembro, em Salvador (BA). Ao todo, 12 candidatas de diferentes estados concorrem à coroa de miss 2021.
Moradora do Guará, Talita é casada, mãe de uma menina de oito anos e madrasta de um adolescente de 17 anos. A modelo também atua como gerente comercial na empresa da família e, há quatro anos, divide o escritório com as passarelas.
“Demorei para entender que todo corpo merece ser amado. Por muito tempo eu fui muito frustrada comigo e com meu corpo. Anos atrás eu pesava 20 kg a menos do que peso hoje, e ainda assim era extremamente frustrada”, diz Talita.
A modelo “achava que só seria feliz se fosse magra e se vestisse 36, que era uma meta irreal para o meu corpo”, conta. “Quando eu comecei a enxergar que eu podia ser feliz do jeito que eu era, foi quando eu virei a chave”.
“Sempre quis ser modelo, mas trabalhei em outra área e também me apeguei ao fato de que nunca estive no padrão de corpo magro exigido pelas passarelas. Para me encaixar, me arrisquei fazendo dietas malucas e prejudiquei minha saúde, porém, com o tempo, entendi que esse era o meu corpo e que seria com ele que eu iria realizar esse sonho”, conta Talita Beda.
Beleza e corpos reais
Segundo o organizador Christian Oliver, o objetivo do Miss Continente Brasil Plus Size é encorajar outras mulheres a admirarem seu próprio corpo.
Ele explica que a intenção é “promover muito mais que apenas um concurso de beleza, é trabalhar o social, a inclusão de mulheres com corpos reais”.
“Toda mulher, gorda ou não, deve se olhar no espelho e saber se admirar. Visibilidade de empoderamento este é o resultado que espero”, afirma Christian.
Para a modelo brasiliense, o corpo padrão das passarelas não reflete o corpo da mulher real e leva pessoas a se submeterem à dietas e procedimentos estéticos desnecessários.
“A mulher brasileira não é o padrão magro 36. É muito importante a gente mostrar que a mulher brasileira tem corpo, perna grossa, bumbum, é gorda também, cheia de curvas”, diz Talita.
“Eu acho que todo corpo merece ser amado. Independente de gordo ou magro, número 40 ou 60. Esse amor tem que começar da gente“, afirma a modelo. “A gente tem que aprender a se amar. Nosso corpo carrega nossa história, nossas marcas, tudo que a gente viveu. A gente tem que ter um apreço maior pelo que a gente é. Temos que ter uma visão mais carinhosa com a nossa história”, explica Talita.
Há cerca de quatro anos, Talita passou a desfilar para marcas de roupas do DF, participou de catálogos, projetos e campanhas publicitárias. Em 2020, foi eleita Miss Plus Size Guará, em um concurso no DF.
Segundo a modelo, trabalhar no mercado da moda é difícil e competitivo. Para ela, sendo gorda, “muitas vezes, a modelo plus size é cota”. “São sempre 20 modelos, sendo 19 magras e apenas uma plus size”, diz.
“Concursos como esse, possibilitam a inclusão e a diversidade mostrando que há espaço para todas, e que a beleza realmente está nos olhos de quem vê”, afirma Talita.
A expectativa da brasiliense no concurso é dar voz a todas as mulheres do DF. “Quero mostrar que temos cultura, beleza e muito carisma. Além de tudo, acredito e defendo o potencial de toda e qualquer mulher, quero dar voz ao poder que temos“.
by: LUCAS SANTANA