O Tribunal do Júri de Taguatinga condenou, nesta quinta-feira (18), cinco pessoas acusadas de matar a travesti Ágatha Lios, de 23 anos. A vítima foi assassinada a facadas, dentro do Centro de Distribuição dos Correios, em janeiro de 2017. O crime foi registrado por câmeras de segurança (veja vídeo abaixo).
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O júri popular das acusadas começou na terça-feira (16). Todas elas, também travestis, foram sentenciadas por homicídio qualificado e receberam penas acima dos 13 anos de prisão, em regime fechado.
Veja as penas:
- Carolina Andrade: 13 anos e 4 meses de prisão
- Lohanny Castro: 19 anos de prisão
- Samira: 19 anos de prisão
- Bruna Alencar: 20 anos de prisão
- Letícia Oliveira Santos: 23 anos de prisão
Acusação e julgamento
Segundo a acusação do Ministério Público do DF (MPDFT), a morte da jovem foi motivada por disputa por ponto de prostituição.
Na decisão, o juiz João Marcos Guimarães Silva considerou que o crime foi praticado com “crueldade absurda”. O magistrado narrou que a vítima foi agredida de “várias formas, inclusive com riscos de faca e bandas de facão”, para que houvesse aumento do sofrimento.
“Poucas vezes se deparou esse Tribunal com tamanha violência”, disse o juiz.
Letícia Oliveira era a única que respondia pelo crime em liberdade. Segundo a acusação, ela emprestou a arma usada no crime. Porém, com a sentença, o juiz também decretou a prisão preventiva dela.
Além da condenação por homicídio qualificado, Carolina Andrade ainda foi sentenciada por furto, por ter pegado a bolsa de Ágatha após a morte dela.
O crime
O crime ocorreu em 26 de janeiro de 2017. Nas imagens, é possível ver que Ágatha entrou correndo no galpão e tentou se esconder.
As outras quatro travestis apareceram logo depois, armadas com facas. Entre as prateleiras, uma delas agarrou a vítima pelos cabelos e a esfaqueou, enquanto as outras ajudavam a segurar a jovem.
Ao indiciar as acusadas, a delegada Gláucia Cristina, responsável pela investigação, disse que já havia um desentendimento entre a vítima e as travestis, motivado por ciúmes.
“Ágatha discordava da forma que essas algozes viviam brigando e roubando seus clientes. E o ciúme existia porque a Ágatha, de fato, era muito bonita”, disse a delegada, à época.
Em julho de 2017, seis meses após o crime, as acusadas Carol e Lohanny foram presas em Manaus (AM). Elas acabaram detidas em flagrante, no Bairro Colônia Terra Nova, depois de roubarem um homem com quem tinham pego carona.
Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação (Decrin) tinha informações de que as duas estavam na capital do Amazonas e comunicou o fato a investigadores no estado.
Bruna foi presa em São Paulo, em março de 2018, onde era investigada por um outro homicídio, cometido em 2016. Ela foi transferida para a Papuda no dia 1º de maio de 2018.
Samira foi presa em Goiânia (GO), em maio de 2019, por policiais da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação do DF (Decrin), com o apoio da Polícia Civil de Goiás.