Justiça manda libertar fundador da Qualicorp preso em operação da PF que investiga Serra

A Justiça Eleitoral determinou, na noite desta sexta-feira (24), a libertação do empresário José Seripieri Filho, sócio e fundador da Qualicorp. Seripieri estava preso havia quatro dias, após uma operação da Polícia Federal que investiga suposto caixa 2 na campanha de José Serra (PSDB) ao Senado em 2014.

O empresário José Seripieri Filho, sócio e fundador da Qualicorp, foi preso após as investigações apontarem que ele fez doações não contabilizadas de R$ 5 milhões ao tucano.

A decisão, do juiz eleitoral Marco Antônio Martins Vargas, titular da 1ª Zona Eleitoral em São Paulo, revogou as prisões temporárias, já que eles tinham a prisão decretada pelo período de até 5 dias. Além de Seripieri, mais dois empresários presos na operação também foram soltos.

O magistrado entendeu que as prisões cumpriram seu papel e que a PF conseguiu obter as informações que precisava no período para “esclarecer os fatos apurados”.

Em nota, Celso Vilardi, advogado de José Seripieri Filho disse que juiz atendeu a um pedido da defesa para a revogação da temporária. “Tratava-se de uma prisão injustificada. Menos mal que sua soltura tenha sido antecipada”, disse o advogado.

Em nota, o senador José Serra disse que lamenta a espetacularização da investigação e que desconhece as acusações. Ele disse que “foi surpreendido esta manhã com nova e abusiva operação de busca e apreensão em seus endereços, dois dos quais já haviam sido vasculhados há menos de 20 dias pela Polícia Federal”. “A decisão da Justiça Eleitoral é baseada em fatos antigos e em investigação até então desconhecida do senador e de sua defesa.” (Leia a íntegra ao final da reportagem).

O senador José Serra (PSDB-SP) discursa no plenário do Senado Federal — Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O senador José Serra (PSDB-SP) discursa no plenário do Senado Federal — Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

A Qualicorp confirma que ocorreu o cumprimento do mandado de busca e apreensão em sua sede administrativa e disse que a nova administração da empresa fará uma apuração completa dos fatos. A empresa também afirmou que está colaborando com as autoridades públicas competentes.

“A companhia, em linha com o Fato Relevante divulgado nesta data, informa que houve busca e apreensão em sua sede administrativa e que a nova administração da empresa fará uma apuração completa dos fatos narrados nas notícias divulgadas na imprensa e está colaborando com as autoridades públicas competentes”, afirmou a nota da empresa.

Celso Vilardi, advogado que representa José Serpieri Júnior, disse que “os fatos investigados ocorreram há seis anos e os tribunais já rechaçaram várias vezes a delação como prova”. (leia nota completa abaixo).

Operação Paralelo 23

A operação da PF, que foi denominada Paralelo 23, é uma nova fase da Lava Jato que apura crimes eleitorais e é feita em conjunto com o Ministério Público Eleitoral (MPE). As apurações se restringem a fatos de 2014, quando Serra ainda não tinha o mandato de senador.

Segundo a Polícia Federal, o senador José Serra está no núcleo psicológico/psiquiátrico de um spa da cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo. A PF pediu autorização judicial para que uma das equipes da operação Paralelo 23 pudesse ir até lá apreender o celular do senador, mas o juiz eleitoral Marco Antonio Martin Vargas negou a autorização e determinou que a defesa do senador entregue o celular dele no prazo de 24 horas.

Por volta das 8h50, além de José Serpieri Júnior, estavam presos, temporariamente, na sede da PF em São Paulo: Arthur Azevedo Filho e Rosa Maria Garcia. A prisão temporária é de 5 dias, podendo ser renovada por mais 5 dias. A defesa dos demais empresários não foi localizada. Apenas o empresário Mino Mattos Mazzamati não havia sido localizado pela PF em Itu, no interior paulista, até por volta de 15h. Agora, o empresário é considerado foragido. (Veja abaixo).

“Haveria a criação por parte de um grupo empresarial da área de saúde de operações com objetivo de destinar recursos para a campanha eleitoral do parlamentar que é alvo desta investigação. Ao todo seriam repassados R$ 5 milhões fazendo uso de empresas que simulariam a prestação de serviços com o objetivo de simular transferência, a origem, destes recursos ilícitos que tinham o objetivo chegar na campanha eleitoral deste parlamentar”, afirmou Marcelo Ivo, delegado da Polícia Federal de São Paulo.

Resumo:

  • Serra, que havia sido denunciado por lavagem de dinheiro no início do mês (leia mais abaixo), é um dos alvos de mandados de busca e apreensão.
  • Foram expedidos mandados para serem cumpridos no gabinete de Serra no Senado, no apartamento funcional dele em Brasília e em dois imóveis do senador em São Paulo. O mandando para as ações no gabinete do senador não foi cumprido porque o ministro do STF Dias Toffoli o suspendeu após pedido da Mesa do Senado.
  • Investigações apontam doações por meio de operações financeiras e societárias simuladas, que ocultavam a origem ilícita dos R$ 5 milhões recebidos.
  • Segundo investigações, o empresário José Seripieri Júniorfundador e acionista da Qualicorp, grupo que comercializa e administra planos de saúde coletivos, determinou doações não contabilizadas a Serra em duas parcelas no valor de R$ 1 milhão e uma de R$ 3 milhões.
  • Ao todo, são cumpridos quatro mandados de prisão temporária e 15 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Brasília, Itatiba e Itu.
  • O empresário José Serpieri Júnior, sócio e fundador da Qualicorp, foi preso.
  • Três pessoas foram presas; entre elas Artur Azevedo. Ele teria pedido a prisão domiciliar por motivos de saúde, segundo o MP.
  • Também foi determinado pelo juiz da 1ª Zona Eleitoral o bloqueio judicial de contas bancárias dos investigados.
  • Juiz da 1ª Zona Eleitoral também determinou que defesa de Serra entregue o celular do senador em 24h.

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