Brasil diz que ofereceu 3 horários a Volodmir Zelenski

O governo brasileiro afirmou que o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, simplesmente não apareceu para uma bilateral marcada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva às margens da reunião do G7, que terminou neste domingo (21), em Hiroshima, no Japão.

Fontes do Planalto que solicitaram anonimato tentaram, porém, minimizar a importância de Lula não ter se reunido com Zelenski, que teve conversas com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi –outro líder de um país do Sul Global que, como o Brasil, vem tentando manter neutralidade na guerra da Ucrânia.

Segundo fontes do governo brasileiro, a equipe do presidente Lula se desdobrou para encaixar um encontro de última hora, mas Zelenski não apareceu.

Primeiro, o cerimonial do presidente ucraniano pediu uma bilateral às 18h de domingo (21), e a equipe do presidente Lula concordou. Então, os ucranianos entraram em contato mudando o horário para as 17h –de novo, os brasileiros disseram que seria possível.

Mais tarde, a equipe de Zelenski voltou a mandar mensagem, afirmando que só poderia às 15h. O presidente Lula já tinha bilaterais marcadas com o secretário-geral da ONU, António Guterres, os líderes do Vietnã e de Comores, além de uma delegação de empresários japoneses nesse horário. Mas, mais uma vez, ajeitou a agenda e disse que poderia encaixar –ao que os ucranianos teriam respondido, segundo o governo brasileiro, que estavam com algumas questões de segurança, mas iriam tentar.

Depois, segundo fontes brasileiras, simplesmente sumiram. Não avisaram que não iriam e deixaram o governo brasileiro à espera, com a bandeira da Ucrânia preparada para ser usada na sala de reuniões do 22º andar do hotel Ana Crowne Plaza, onde Lula realizou a maior parte de suas reuniões bilaterais.

A delegação do ucraniano tinha afirmado que a reunião no hotel onde Lula estava hospedado estava fora do perímetro de segurança, o que poderia acarretar em problemas. Mas os brasileiros alegaram que Lula não poderia se deslocar para encontrar Zelenski, uma vez que não do contrário não haveria tempo para as reuniões bilaterais que já estavam marcadas. Além disso, apontaram que Zelenski foi com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, depositar flores no Memorial de Hiroshima, perto do hotel em Lula estava.

O indiano Narendra Modi se reuniu com Zelenski no hotel Grand Prince, onde foi realizada a conferência do G7 (dentro do perímetro de segurança).

Em coletiva no final da reunião, Zelenski foi questionado se estava desapontado por não ter encontrado o homólogo brasileiro, e respondeu com um sorriso de ironia: “Acho que isso o desapontou”. Disse ter encontrado “quase todo mundo, todos os dirigentes. Todos têm seus próprios horários, por isso não pudemos nos encontrar com o presidente brasileiro”.

A impressão por parte dos diplomatas brasileiros e da equipe de Lula era de que Zelenski estava com agenda de estrela e esperava que Lula, mesmo com os pedidos de última hora, fizesse de tudo para encontrá-lo, inclusive desmarcar reuniões já agendadas. E isso, dizem as fontes consultadas, eles não fariam.

O cerimonial de Zelenski pediu na sexta-feira (19) para a equipe de Lula viabilizar uma bilateral. No próprio sábado, segundo os brasileiros, Lula já tinha marcado anteriormente conversas com o presidente francês, Emmanuel Macron, com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgievae o chanceler alemão, Olaf Scholz, e não seria possível apertar a agenda para incluir uma reunião com o ucraniano.

O governo brasileiro afirma, porém, que isso não atrapalha a proposta de Lula de mediar negociações de paz para o fim da guerra entre Ucrânia e Rússia.

Fontes do Planalto apontam que o presidente Lula enviou até Kiev o assessor internacional Celso Amorim para se reunir com Zelenski. Argumentam que a Índia não enviou uma autoridade em cargo semelhante, como um conselheiro de segurança nacional, para se reunir com o ucraniano. E mesmo a China enviou à Ucrânia uma autoridade de escalão mais baixo, Li Hui, seu representante especial para Assuntos Eurasiáticos e ex-embaixador em Moscou.

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