Um assessor pessoal de Vinicius Junior teria recebido uma banana das mãos de um segurança do estádio RCDE, em Barcelona, ao chegar ao local para acompanhar o amistoso entre Brasil e Guiné, no último sábado (17), jogo cujo mote é justamente o combate ao racismo.
Felipe Silveira, que também é amigo pessoal de Vinicius, era o único negro do grupo de quatro pessoas que estava chegando ao local. Além dele, estavam o empresário do jogador e outros assistentes, que estavam à frente. Quando chegou a vez de Silveira, o segurança empurrou uma banana em seu peito e disse “mãos para o alto que essa aqui é minha pistola”.
Silveira chamou imediatamente os colegas, que acionaram a chefia de segurança e o chefe do estádio. “Eles tentaram descredibilizar a gente, que a gente estava mentindo”, afirmou à Folha o assessor Edu Peixoto.
“Disseram que era um funcionário muito antigo, que jamais ele faria isso”. Silveira manteve a banana consigo e chamou a polícia, que orientou a fazer a denúncia para que pudessem agir.
“Bem em frente ao episódio há câmeras e estamos querendo que o estádio disponibilize as imagens para que mais uma vez um episódio desses não acabe com ‘mal-entendido’ ou algo parecido”, afirmou Peixoto.
Uma outra funcionária da segurança do estádio tentou tirar o homem do local, mas alguns membros da equipe de Vinicius não deixaram ele sair. O segurança nega ter feito qualquer ofensa racista. O nome dele ainda não foi informado.
Às 21h34 (16h34 em Brasília), os jogadores do Brasil e de Guiné se ajoelharam ou se sentaram no gramado durante o minuto de silêncio. A seleção estava de uniforme preto pela primeira vez em seus 109 anos de história. Vinicius Junior vestia a camisa 10, a de Pelé e que, nos últimos dez anos, pertenceu a Neymar.
O estádio RCDE estava todo adesivado de negro neste sábado, com inscrições como “Racismo é crime”, “Com racismo não tem jogo” e “Vamos expulsar o racismo”. Até as credenciais entregues ao estafe eram negras hoje. A partida, no entanto, não lotou a arena.
Antes do jogo, os alto falantes tocaram músicos de artistas negros, como os Racionais, Claudinho e Bochecha, Ludmila, Tim Maia, Djonga, Cidade Negra e Raça Negra, entre outros. Nos telões, vídeos antirracistas embalaram a espera pelo apito inicial.