CLDF aprova concessão de áreas públicas no Lago Sul e Lago Norte

A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou, ontem (19), o projeto de lei que autoriza a concessão de direito real de uso de áreas públicas próximas aos lotes residenciais no Lago Sul e Lago Norte.

Segundo o texto, os donos de lotes próximos às áreas passam a ter direito de uso dessas sob algumas condições, como a proibição de fluxo de pedestres ou a limitação do acesso da população às redes de infraestrutura e outros equipamentos públicos.

O projeto prevê que a concessão deverá ser formalizada por contrato entre o GDF e o dono do lote, que ficará responsável pela preservação ambiental e por eventuais danos causados ao meio ambiente, aos equipamentos públicos e às redes de serviços públicos, como telefonia e esgoto.

A concessão de uso terá prazo de até 30 anos, e os proprietários dos lotes que optarem pelo uso deverão pagar um valor anual ao GDF que não poderá ultrapassar o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) de sua propriedade.

Conflito

O líder da Minoria na CLDF, deputado Gabriel Magno (PT), defendeu o adiamento da votação do projeto, pedindo mais tempo para discussão e argumentando análise técnica incompleta por parte da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh). “O estudo da Seduh é só sobre os becos, mas o projeto tem uma ‘pegadinha’: se eu tenho um lote de 800 metros, posso ter 1.600m de área verde a mais”, apontou.

Concordando com o colega, o deputado Fábio Felix (PSOL) ainda apresentou outra preocupação: “O projeto abre possibilidade de, a médio prazo, haver a ‘reprivatização’ completa do lago para um grupo seleto”. Além disso, o distrital defendeu que a matéria deveria ser tema de projeto de lei complementar e não de lei ordinária, implicando quórum qualificado.

O líder do governo, deputado Robério Negreiros (PSD), rechaçou a possibilidade de privatização da orla do Lago Paranoá e garantiu que as áreas verdes serão preservadas. “A Seduh irá analisar a situação dos becos já ocupados, e alguns até poderão ser desocupados, se atrapalharem a questão da mobilidade. O projeto também não alcança as áreas de proteção permanente, será apenas em terrenos ermos”, asseverou.

O deputado João Cardoso (Avante), por sua vez, lembrou que, em várias regiões administrativas do DF, já acontece a concessão de áreas públicas: “Nas satélites, já temos áreas verdes com preço público cobrado. Isso é uma realidade”.

Por conflito de interesses, a deputada Paula Belmonte (Cidadania) se declarou impedida de votar e se absteve.

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